quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A morte

Para alguns, apenas a menção de seu nome já aterroriza, deixa desconfortável. Muitos temem, evitam tocar no assunto. Outros já nem ligam tanto, não se importam ou acham que é algo natural. Ninguém sabe como é, a única certeza que todos tem é que um dia acontecerá.
As pessoas tem medo da morte porque é desconhecido, por mais que digam que vamos para um lugar melhor, que ficaremos perto de Deus, não há certeza nisso, até pq só saberemos após morrermos e, infelizmente, não há nada de concreto mostrando o que acontecerá após nossas vidas.
Pode ser que a imagem que se passa pela cabeça de algumas pessoas (e até pela minha já passou) é aquela de que de repente a gente morre e aí ficamos presos dentro daquela caixa escura, sozinhos, apodrecendo debaixo da terra, literalmente. Acho que essa impressão passa pela cabeça por causa do nosso lado humano material de apego, então achamos que se o corpo morre, acabada tudo, pois éramos aquilo. Não pensamos que o que a gente era não fazia parte daquele corpo, que era uma força maior.
Cada um nesse mundo tem uma crença diferente, uma visão diferente do que é a morte, mas por mais que acreditemos, pode não ser nada daquilo que imaginamos, pode ser melhor, pode ser pior, pode não ser. E por mais fé que qualquer um tenha, certeza não há.
Pode ser também que morte seja apenas uma imensidão preta eterna, o nada. Mas essa visão não agrada e nem traz esperanças. O que eu imagino e realmente gostaria que fosse verdade, é que houvesse um céu, lindo, azul, com anjos e Deus, que fosse uma nova vida, plena, cheia de luz, paz, aonde pudéssemos encontrar aqueles que amávamos e que partiram antes de nós, onde felicidade fosse um sentimento de constância, que não houvesse preocupações e que realmente pudéssemos cuidar das pessoas lá de baixo, que ainda nos importam, como verdadeiros anjos da guarda, definição de paraíso melhor que essa não pode haver.
Seria bom demais se fosse verdade. Mas essa coisa de céu pode ser uma força de expressão, pelo menos eu tenho a impressão de almas subindo para os céus, para as nuvens, mas vai ver que esse ''céu'' não é o céu em so, apenas o lugar para onde acabaremos indo, talvez mais bonito e melhor.
Há gente que acredita em inferno, achando que quem teve pecados demais é julgado por Deus e vai para um lugar pior. Minha imagem de inferno é meio limitada, como são nos desenhos animados, pois não acredito muito nisso. Acho que na Terra todos cometem erros e, se fosse por isso, ninguém iria para o céu.
Acho que Deus tem o poder de perdoar a todos. Uma pessoa que tenha sido ruim, normalmente paga tudo aquilo que fez em vida, de alguma maneira, mais cedo ou mais tarde. Qualquer um que morra, merece descanso, pois a vida tem muita felicidade, mas também muito sofrimento para todos.
Quem não acreditar em nada, nem em Deus, pode ter a minha 1a ou 2a visão de definição da morte, apesar de eu achar bem triste alguém que ache que viva essa vida para morrer para o nada, que ache que está aqui na Terra sem um objetivo, uma razão maior.
Algumas vezes já pedi sinais para Deus, alguma prova de que existe algo depois daqui realmente, alguma comunicação, de uma alma, um espírito, mas eu não nasci dotada com isso e até gostaria de acreditar mais nas pessoas que possuem visões.
A morte, que deveria ser algo natural, só levar as pessoas quando estivessem bem velinhas, ocorre de maneiras muito injustas em diversos casos. Leva pessoas amadas, queridas, boas, leva crianças, jovens, seres que só estavam no início da vida, cheios de planos e expectativas para um futuro que nem chega a existir.
Morte por acidentes, acasos, assassinatos, doenças, descuidos. Tantas coisas que acontecem e a gente fica sem saber porque e por mais que procuremos aceitar ou entender, fica muito difícil. Enfim, é um assunto misterioso, duvidoso, que causa muita dor, dúvida e insegurança, mas não há como evitar. Realmente é a única coisa nesse mundo que não tem solução. Somos fragéis, indefesos e impotentes em relação a isso.
Um dia a morte chegará para todos nós e, até lá, o que nos resta é viver a vida da melhor maneira que há, aproveitando e desfrutando de cada dia que nos é concedido. E por fim, devemos conviver com a morte das pessoas amadas e, quem sabe um dia, não nos encontremos novamente.

05/04/2009
Roberta Thiarê

- Para as pessoas que tem medo da morte. Para aqueles que perderam parentes ou pessoas amadas e ainda não se recuperaram. Para pais e mães que perderam seus filhos cedo demais e sentem uma dor que não passa nunca. Um assunto que muito me incomoda desde pequena, quando perdi meu avô e, desde então, sempre temi a morte. Dizem que as pessoas encontram maneiras de enfrentar seus medos, eu encontrei o meu escrevendo sobre o assunto. Obrigada.

4 comentários:

  1. Ui, seu texto me arrepiou. Literalmente. Você escreve muito, eu sempre te disse isso ;)
    E eu prefiro não comentar sobre a morte, porque eu não tenho uma opinião formada. Só que é tão ruim.. Uma hora, acaba. E ficam as lembranças, a saudade.

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  2. Querida Amiga,

    Seu texto é lindo e intenso.

    Mas, de acordo com Lavoisier, "Na Natureza nada se perde, nada se cria. Tudo se transforma". Seja naquilo que é incomensurávelmente grande e duro, cujo paradigma são as rochas, seja no infititamente pequeno, como é o caso das partículas subatómicas, Estas são os constituintes de tudo aquilo que existe. E "saltam para a existência" aparentemente do nada. É claro que não pode ser nada, pois se o fosse não saltaria copisa nenhuma. Ou seja, naquilo que aparentemente está vazio, está cheio de potencialidades.E estas partículas são eternas e estão em todo o lado, nas rochas, nas estrelas, nas moléculas, numa cadeira como nos humanos.

    Ou seja, não existe morte. O que existe´são mudanças de vibração de energia e e esta é eterna.

    Um grande abraço pata si.

    José António

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  3. eu acho que eu tenho estado meio infeliz pq nao tenho visto proposito na vida, após a morte, como você disse. assim como se eu fosse viver em vão.

    to tentando me encotrar.
    lindo seu texo amiga
    de verdade (:

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  4. Cara Roberta, fiquei muito comovida ao ler este seu texto sobre a morte, percebo que é uma pessoa muito sensível, com a alma inquieta... A mim o tema da morte sempre foi muito instigante também, não pela perda física das pessoas queridas, mas pela morte de pessoas que ainda estão vivas fisicamente mas completamente mortas espiritualmente dentro da gente, esse á a pior das mortes.
    Não falo, obviamente, de cenas singulares de despedidas motivadas, por exemplo, por uma longa viagem, por partidas, separações irreparáveis, pois são circunstancias que por vezes assumem contornos dilacerantes, pois existe o temor de não ver mais a quem se afasta e, para quem fica o sentimento que surge como um augúrio triste, turvando com lagrimas os olhos e inundando o coração de pena.
    Quanto às separações irreparáveis — casos de morte —, eu vejo como um vazio que impregna nossa vida e pela dor que essas perdas ocasionam. Apesar disso, pressinto que exista por detrás desses fatos um enigma em que não consigo penetrar. E uma delas é a morte que certas pessoas vivas concorrem por conquistar através de suas ações. Pouco a pouco a pessoa querida vai “morrendo” dentro de você e quando você menos espera não resta nada dela que se possa guardar como ínfima recordação. O esquecimento é uma espécie de morte daquilo que antes teve vida no cenário das recordações. Enquanto todo instante passado estiver presente na mente, a existência mantém-se conectada a tudo o que pertence ao mundo de seus pensamentos e afetos.
    Quando falo de afetos e pensamentos falo dos sentimentos de estima que corresponderia aos vínculos de amizade que os une. Esse afeto ou estima muitas vezes se acentuam por razões excepcionais como doenças, desditas e ate prazeres, mas as vezes, com pouca freqüência, essas razões promovem distanciamentos produzidos pelos desentendimentos e desavenças tão comuns na vida familiar, na minha e na sua. Por vezes penso, como conciliar a exaltação do sentir no instante das separações com a quase indiferença demonstrada antes do acontecimento...Que falar então da morte de pessoas que por essas circunstancias da vida, como separação familiar, são obrigadas a aceitar... morte premeditada, querida e planejada por pessoas crueis e inexcrupulosas que deixam de amar o outro deliberadamente como se fossem simples objetos de um querer possessivo e maligno. São avos que mataram são netos porque não toleram que fiquem próximos das mães (ou dos pais), que pelo poder que assumem perante uma família proíbem seus outros netos de se aproximarem de primos de tias que antes eram tão queridos. Para mim são todos órfãos de pais – de avos - de tios vivos. Orfãos apenas lamentavelmente órfãos!!!! Não temo a morte Roberta, porque amo a vida e faço dela um campo experimental do amor, amor as pessoas que estão convivendo comigo e espero nunca ser avo-morta de netos vivos e nem mãe-morta de filhos vivos... quero viver todos os momentos das pessoas queridas que estão do meu lado... porque amar pessoas e ser impedidas de se aproximar delas, seja por intolerância, seja por falta de perdão é a verdadeira MORTE!!! E SE A NETA QUE SERIA AFASTADA DE SEU AVO FOSSE VC!!!!!! SE FOSSE VC A NETA QUE SERIA ESCOLHIDA PRA SER A ORFÃ DE AVOS VIVOS E OU DE PAI VIVO!!!!
    “Nada há de ser mais grato aos olhos de Deus que o anelo puro, sincero e honesto de conhecer a verdade. Mas, para conhecê-la em cada uma das partes em que se subdividem os inúmeros degraus pelos quais se ascende até ela, é necessário ir desterrando tudo aquilo que simula ser verdade, sendo como tal admitida.”

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